Travel Journal: The Feelings

sexta-feira, 25 de dezembro de 2015

"You only hate the road when you are missing home"

Há exatamente 15 dias comecei a minha jornada pela Europa. Eu estava, como boa medrosa que sou, muito assustada com a ideia de passar 9 horas dentro de um avião que cruzaria o Oceano Atlântico. Entrei na aeronave, prestei bastante atenção nas aeromoças fazendo a demonstração de segurança (sério, aquilo me dá um conforto enorme), apertei o cinto e preparei minha mente pras próximas horas que viriam. Meu travesseiro, meus companheiros de viagem e meu livro foram meus maiores salvadores naquele tempo interminável que passei dentro do avião.
Os voos foram muito bem, obrigada, considerando que o meu maior desconforto foi ter esquecido de colocar lanchinhos  pra comer na mala de mão e ter ficado com fome quando não estavam distribuindo comida no avião (nunca vou me esquecer da fome absurda que eu senti as três da manhã). Fora isso, tudo ótimo.
O que pareceu uma eternidade de tempo e aeroportos depois, voilá. Espanha. Carimbei meu passaporte, peguei as malas, minha tia e meu tio me pegaram no aeroporto e entramos no carro pra vir pra casa. Vi meus primos, comi, andei pelas ruas da cidade e dormi muito. Os primeiros dias foram, sem dúvidas, os mais agitados (íamos pra Paris dois dias depois de chegar na Europa). Muita coisa se passou nesse tempo. Muitos lugares diferentes. Muitas horas dentro de casa também. E 15 dias depois criei coragem pra escrever tudo.
 É bem estranho pensar nisso, porque eu já tinha planos de escrever à muito tempo. Porque eu já tinha me planejado pra isso. Porque essa viagem foi muito esperada e eu não via a hora de colocar no papel (pelo menos na minha cabeça). Mas quando de fato cheguei aqui desacelerei. Dormi mais, li mais, fiquei mais tempo com a minha família. Fugi do que eu tinha planejado, parei de correr e controlar cada segundo que tinha pra “conhecer tudo e ver tudo e tirar milhões de fotos” pra simplesmente ficar quietinha em casa (coisa que gosto muito). E honestamente não sei se foi a melhor coisa a se fazer, mas sei que precisava disso.
Passei um ano correndo, vivendo tudo intensamente, aproveitando milhões de coisas, mas me desgastando muito pra isso também. Talvez (muito provavelmente) eu só precisasse de paz e calmaria. Mesmo que meu corpo não esteja acostumado com esse ritmo calmo por mais que um fim de semana, em que eu me permito ficar jogada na cama fazendo coisas que me relaxam como ler ou escrever, antes de voltar pra uma semana que exige o máximo de mim.  Bem, seja como for, os últimos dias tem sido complexos.
A Europa é incrível. Tive oportunidade de conhecer a Região da Cataluña, na Espanha, e Paris, na França. As pessoas são educadas, mas não são muito calorosas. As ruas são bonitas no inverno. O vento gelado me deixa feliz, trazendo oportunidades de usar minhas roupas favoritas (casacos, meia-calça, luvas, gorro) e até o momento não me deixou gripada. Tem praia, monumentos e história por todo lado.
Mas eu sinto uma saudade imensa de casa. Da água sem tanto cloro, do solzinho que faz no fim de tarde, dos meus cachorros que deitam aos meus pés ou me mordem pra brincar, do meu quarto no qual eu tenho privacidade o tempo todo e é, definitivamente, o lugar em que eu mais me sinto eu. Das pessoas. Principalmente das pessoas.
Das minhas irmãs que sempre me perturbam quando vão dormir no meu quarto e ficam rindo da minha irritação cem por cento verdadeira (eu jamais manteria uma cara feia mesmo que não estivesse brava, nunquinha). Da minha avó reclamando que eu a abraço demais e depois perguntando como está a minha vida em Uberlândia. Da minha prima me convidando pra sair com ela pra casamentos ou eventos de penetra. Dos meus primos jogando no computador da minha casa, ou vendo filme na TV. De sair com todas as minhas tias pra andar no centro da cidade e ouvi-las conversar por horas. De estar em Araguari e ficar imensamente feliz ao receber uma mensagem das minhas melhores amigas, me chamando pra ir pra casa delas ou indo até a minha, dos raros momentos em que estamos todas juntas. De brigar seriamente e no segundo seguinte sentar a mesa pra comer pizza como se nada tivesse acontecido, de sair sempre pro Salinas, de lembrar dos anos passados.
De ir pra Universidade, mesmo que eu odeie o meu curso e acordar cedo, pra encontrar meus amigos que são incríveis. Que dançam e cantam pelos corredores comigo e ouvem quando eu tenho qualquer tipo de crise, que reclamam de comprar comida que vai engordar, que me emprestam blusas de frio mesmo quando elas são de marca e eu posso estragar ou roubar. Saudades de ir dormir na casa das amigas pra estudar e acabar vendo séries, ou discutindo sobre McMelody com opiniões divergentes, mas no fim acabar tudo bem. De ter horas de discussões sobre personagens de séries e livros que são importantes, e de falar de paixões platônicas.
Sinto falta de ter reunião todas as semanas no corredor do Bloco A. Sinto falta de me encontrar com outras seis pessoas todas as terças na minha casa, e ficar gritando e incomodando os vizinhos até às duas da manhã. E de passear na garupa de uma moto pelas ruas da cidade e trocar confidências nas milhões de noites do pijama, de falar de comida e ficar incomodada por coisas que depois vão me fazer rir, ou ficar quase três horas trocando áudios num grupo só de meninas falando sobre garotos ou boybands. De sair pro bar porque meu amigo me chamou contando com toda a certeza do mundo que eu iria (e eu ir, de fato), de dividir cigarros, de tomar sorvete e discutir tatuagens e intercâmbios na Romênia, de reclamar dos problemas na varanda.
Eu realmente gosto daqui. Gosto do novo. Gosto dos passeios. Gosto da minha família que está aqui comigo, gosto do tempo livre que tenho de sobra.
But home is wherever your heart is, and mine is in my country, with my people. And I’m missing home so much that I cry and it makes me confuse. I want to be here for more two months. But I want to have both worlds. Is it possible?
Não sei por que mudei para o inglês. Acho que depois de um ano, acostumei a usar o inglês pra sussurros e confissões. E acho que estou contando um segredo aqui. Não queria que meu primeiro texto no blog tivesse esse tom triste e cheio de saudades. Mas é assim que meu coração se sente, e nunca consigo escrever coisas que não estão transbordando pelas minhas veias.
Eu realmente, realmente, realmente sou grata pela oportunidade de viajar e de fazer um dos meus sonhos realidade. Sou grata por conhecer outros países, e por encontrar gente que me ama por todo canto. E sou feliz por estar aqui.
            Mas também sou feliz em casa. E acho que essa viagem vale muito a pena por eu ter descoberto isso.

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